sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Relativismo fast food

Começo por dizer que não faço a mínima ideia do que estou aqui a fazer, pois que não sou relativista, nem sei o que isso seja, nem me encanta a moderação, que vistas turvas confundem com sabedoria. Também não me interessam Cavacos, Sócrates, Santanas, Eleições, ou quaisquer outras formas baixas e medíocres de vida. Posto isto, não me deixam de espantar esses artigozecos aí em baixo da analfapédia. De forma rápida, porque estou sem tempo:

O relativismo (não falo de Relativismo Moral) é um absurdo; o seu interesse reside apenas em ser um divertido passatempo, não mais do que isso. Posto isto, os sofistas não criaram relativismo nenhum, limitaram-se a cavar um fosso entre o nomos e a physis, isto é, entre a concepção aristocrática e a concepção democrática ("natural") do Estado. A relativizarem alguma coisa, relativizaram a lei, e estabeleceram aí a diferença entre o mundo aparente dos costumes e a Verdade. Nada disto é original: os sofistas são grandes herdeiros da poesia hedonista (Safo, Alceu, Simónides, etc.), da Filosofia e do Direito Natural Milesiano. Nem todos é certo.

Também interessante é perceber o movimento espiritual de onde brotaram os Sofistas, movimento esse que veio marcar para sempre a nossa cultura ocidental, onde, como dizia o outro, exceptas as forças cegas da Natureza, tudo, quanto neste mundo se move é grego em sua origem. E começou por sê-lo aqui, com os Sofistas.

Com licença, até à próxima.

8 comentários:

  1. Uma coisa é certa . nem Cavaco nem Santana Lopes sao relativistas.

    Os relativistas apenas não queriam o poder absoluto. Controlado apenas por uma pessoa.

    Nem sequer para eles existia verdade absoluta. Porque ha sempre contraditório e outras opiniões.

    De referir que o relativismo vem de grandes autores e filósofos.

    Parece um contrasenso, mas para os relativistas a frase "penso, logo existo"; faz todo o sentido.

    Mas vamos ter muito e espaço para falarmos sobre o Relativismo e outras correntes filosóficas...

    Porque na blogosfera à muito tempo e espaço

    ResponderEliminar
  2. Caro Francisco Castelo Branco (Porque não só Francisco Branco? Enfim).

    Venho só aqui dizer-lhe que "na blogosfera há muito tempo e espaço."

    Não posso também deixar de enaltecer a forma como escolhe a localização da pontuação. São como lombas na estrada, fazem-me ler aos solavancos.

    Será para amortecer a parvoíce? Se foi essa a intenção, teve pouco sucesso.

    ResponderEliminar
  3. Não há necessidade de insultar nem de armar zaragata.

    ResponderEliminar
  4. Tiago

    O texto não foi para si. Mas sim para aqueles que são inteligentes e gostam de ler boas coisas.

    Só uma coisa:

    "na blogosfera hà muito tempo e espaço" - seria se eu tivesse a contar uma história ou então tivesse a descrever um facto.

    Ja o "na blogosfera à muito tempo e espaço" - quero dizer que na blogosfera existe muito tempo para se poder escrever e debater questões. Que não há limite de tempo. Nem de espaço. Daí que este espaço seja especial

    Dou uma sugestão .
    Não leia. É uma perda de tempo.

    ResponderEliminar
  5. Francisco,

    Não me interessa o que eles são, se é que são alguma coisa. É um dilema ontológico que me aflige, deixa lá.

    A questão não é saber em quem estava o poder, mas onde: se nos costumes dos homens, se na Natureza. Os sofistas surgem numa altura de total ruptura: de uma sociedade aristocrática, a sociedade regida por Homero, Píndaro, Teognis, para uma sociedade democrática, fruto de um impulso das massas para o poder; e esta mudança criou a necessidade de novas leis, não só da aceitação de novas leis, como a própria criação dessas mesmas leis. Esta ruptura vai influenciar, por exemplo, toda a filosofia daquele que bem pode ser chamado do profeta do nosso século, Nietzsche. Podes constantar isto nos diálogos de Platão (Teeteto, Política [que cá se traduz por República], Protágoras, Górgias - onde Caclicles, um sofista, defende a lei do mais forte), em Sófocles - Ésquilo, seu antecessor, defendia ainda a sociedade aristocrática -, em Eurípedes, na oração fúnebre de Péricles e em certos passos da Política de Aristóteles, que eu agora não te sei dizer com exactidão. O relativismo vem daqui. Mas isto tudo só para justificar a tal "criação" do relativismo, uma aldrabice da wikipédia.

    Agora, parece-me é que tu falas dum ramo do relativismo, o relativismo moral. Tens na literatura magníficos exemplos: o Demian do Hesse, livro belíssimo, o Coração das Trevas, o Crime e Castigo e as Notas do Submundo, as Viagens de Gulliver, a Alice. Tens também um ensaio majestoso do C.S Lewis, Dor Observada, ou se preferires, as paródias que Chesterton fez ao relativismo no Homem que era Quinta-Feira e uma crítica delirante na Ortodoxia. Porque, na Filosofia, não é aqui no Ocidente que encontras o maior exemplo do relativismo; é no Oriente, no Taoísmo.

    O relativismo moral é uma coisa que dá muito trabalho.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  6. Pedro

    Pena eu nao ter estudado filosofia a sério.
    Mas ainda vou a tempo.
    E espero aprender isso com este blogue..

    Espero um dia poder dar uma resposta à altura, talvez amanha

    Abraço

    ResponderEliminar
  7. Já vejo a que vieram os relativistas deste blog! E estou gostando do que li! Tanto nos posts como nos comentarios!

    ResponderEliminar