segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"pantes anthrôpoi tou eidenai oregontai physei"

Tudo é relativo e mais blá, blá, blá, blá. Vamos lá pensar um bocado nisto.

A Lagarta e Alice olharam uma para a outra durante algum tempo, em silêncio: por fim, a Lagarta tirou o cachimbo da boca e falou-lhe com uma voz lânguida e sonolenta.
-Quem és tu? - disse a Lagarta.
Estas palavras não eram lá muito encorajadoras para começar uma conversa. Alice respondeu timidamente: - Eu... Senhor, eu agora neste momento nem sei. Sei, pelo menos, o que eu era, quando me levantei esta manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde essa altura.
- Que história éssa? - disse a Lagarta, com um ar severo. Explica-te bem!
- Eu não me posso explicar, senhor, porque eu não sou eu, percebe... - disse Alice.
- Não percebo, não! - disse a Lagarta.
- Acho que não me sei explicar melhor - respondeu Alice, muito delicadamente -, porque, para começar, nem eu mesma percebo; mudar tantas vezes de tamanho, num só dia, faz muita confusão.
- Isso é que não faz - disse a Lagarta.
- Bem, tavez o senhor ainda não tenha sentido isso - disse Alice -, mas quando tiver de se transformar em Crisálida, sabe, e isso há-de acontecer-lhe um dia, e depois disso em borboleta, penso que vai achar isso tudo um pouco estranho, não vai?
- Não vou achar mesmo nada estranho - respondeu a Lagarta.
- Bem, talvez o senhor sinta de uma maneira diferente - disse Alice; - tudo o que sei é que, se fosse eu, achava isso muito estranho.
- Se fosse eu...! - exclamou a Lagarta, com um ar de desprezo. - Mas quem és tu?

Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.

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